O que faz um lugar ser “rico”?

Como já disse incansáveis vezes aqui, que bom que a febre-blog/internet nos permite falar (quase) sem escrúpulos teóricos. Pois bem. Hoje vou colocar aqui outro tema, analisado sob uma ótica muito particular: por que certos lugares são ricos, enquanto outros, não? Por que há cidades, estados, países, muito mais ricos do que outros?

A riqueza é um termo relativo: pode referir-se a uma dimensão econômica (mais óbvia), mas também a uma dimensão cultural, política, social (IDH, por exemplo), etc. Quem já circulou por várias cidades, no Brasil e no exterior (e não precisa ter sido muito!), deve notar a diferença: na fachada dos prédios, no cuidado das ruas, na beleza e estética das praças públicas… e no jeito de as pessoas se vestirem (não me refiro à moda propriamente dita, mas ao “grosso”, à média da população-média). Em algumas cidades, a beleza (que não é relativa, convenhamos!) salta à vista; em outras, a desolação: sujeira, terra, grosseria visual, caos urbano. Obs.: esqueçam, por um minuto, certa “fenomenologia” do “olhar estrangeiro” (exemplo: turista em lugar obviamente subdesenvolvido achando tudo “maravilhoso”).

Riqueza (econômica) está associada à disponibilidade de capital. O sudeste brasileiro, historicamente, é o mais atrativo economicamente. Por quê? Muitos motivos: maior mercado consumidor, custo de logística mais baixo, concentração de empresas, aeroportos com fluxo gigante de pessoas, etc. Mas, no fundo: mercado consumidor.

Mas a pergunta menos óbvia é: de que modo a pobreza pode ser associada ao “comportamento” das pessoas? À sua mentalidade? Riqueza, em sentido não-econômico, arrisco dizer, está associada à disposição, à vontade (interna ou não) de colocar-se a serviço de algo. Riqueza é capital de natureza não propriamente (ou somente) econômica: se eu trabalhar, se eu “servir bem”, e se TODO MUNDO fizer o mesmo, haverá uma elevação geral da riqueza compartilhada.

O capital (econômico) é uma derivação; sempre, uma derivação. O que o vulgo não entende é que a equação que frequentemente cria está ERRADA: quanto mais dinheiro, mais motivação, mais vontade, mais desejo de fazer algo bem feito; essa é a mentalidade que contamina todo o circuito de trocas, a base sociológica do que entendemos, genericamente, como mercado. Mas como somos enganados pela mitologia do dinheiro, não?