História da ciência

No mundo acadêmico das Ciências Humanas, há certo torcer de nariz anti-realista, segundo o qual a história da ciência é uma narrativa de caçadores de fatos e do “real”. Critica-se tal empreitada como sendo realista demais, positivista demais (embora a maioria não saiba, de verdade, explicar, filosoficamente, em que consiste o positivismo…). Mas não há como negar que estamos onde estamos, com todas as mazelas e consequencias disso, graças, em parte, à ciência como um dos mais notáveis empreendimentos humanos.

Uma interessante série da BBC de Londres faz um resgate da história da ciência, notadamente a ciência “dura”, dedicada à descoberta dos “segredos da natureza” – quem somos, por que estamos aqui, de que somos feitos, para onde vamos.

Uma coisa me chamou a atenção: por que a religião, desde tempos imemoriais, é uma das mais “preferidas” formas de explicar tais questões? Sendo muito simplista, eu diria que a religião é uma forma fácil de explicar a vida; ela não depende de pesquisa, de audácia, de trabalho em conjunto com outras pessoas, de criatividade, inovação, curiosidade, sofrimento. A religião faz de nossa vida neste planeta uma história encantada, o produto de um “pensamento oceânico”, para dizer como Freud. Aliás, foi Freud, como também Marx, quem nos alertaram para as armadilhas do pensamento religioso.

Quem se dedica um pouco à compreensão da história da ciência descobrirá que há muito mais do que fé na compreensão dos mistérios deste universo e de nossa vida nele, embora haja, de fato, uma parcela de fé mesmo na ciência mais “radical”. De todo modo, recomendo a série cujo primeiro episódio sinalizo a seguir.