Complemento ao post anterior

Pois é. Mas você pode estar ficando com uma visão um tanto quanto “pessimista” deste blog. Isso não me incomoda, de forma alguma (Lacan = quando alguém diz “não”, leia-se o “inverso”…rs). Mas é o seguinte: de uma perspectiva “realista”, toda essa conversa do porquê das coisas, de sua utilidade, etc., é um engodo, uma perda de tempo, na melhor das hipóteses. Leia o livro “Caçando a realidade”, de M. Bunge. Fiquei (estou ficando, na verdade) chocado com a “força” do argumento realista. Em linhas estupidamente resumidas, é algo assim: a realidade existe, e isso independentemente de nós. Enquanto “alguns” (eu, por exemplo) ficam delirando sobre a utilidade das coisas, outros, engenheiros por exemplo, estão a desvendar os mistérios da natureza…”eles”, esses engenheiros ou cientistas destemidos, mesmo com suas mais árduas e pesadas dúvidas metafísicas, não hesitaram, tempos atrás, em trabalhar em prol da ciência – não fossem eles, eu não estaria aqui digitando isso a vocês (vai se saber o que está por detrás desse negócio de digitar e, imediatamente, meu texto aparecer…claro que os cientistas sabem explicar isso, e vão me chamar de ridículo). Enfim, há utilidade no mundo e ela, em grande parte, depende de a gente não questionar sua própria utilidade. É seguir em frente. Descobrir a cura para doenças; aumentar a memória do seu computador, com o menor custo; aumentar a performance das empresas…quem está do lado do “útil” jamais vai ficar perdendo seu tempo com uma metafísica do inútil. Pois é. É isso. A ciência é, OBVIAMENTE, ANTI-Bartleby (e eu, pior…eu, o “cínico”, também – quem não prefere um dentista a alguma magia oculta?… “te amo, ciência anti-bartleby!”…).