Beleza como convenção?

Fiquei impressionado com um experimento realizado pelo jornal norte-americano The Washington Post. Joshua Bell, considerado um dos maiores violinistas do mundo, tocou, por quase uma hora logo no início da manhã em um metrô de Washington. Performando em um violino avaliado em 3,5 milhões de dólares, não conseguiu atrair senão a atenção de alguns poucos curiosos. Logo à primeira vista fiquei pensando: seria a beleza algo que se mostra por si, impondo-se aos nossos sentidos (nesse caso, auditivo), ou dependente de um contexto? Alguns interpretaram a reação do público como sendo de descaso, falta de tempo ou de preocupação com as coisas belas; em outras palavras, como se Bell houvesse jogado “pérola aos porcos”. Contudo, para mim há uma outra possibilidade: nosso julgamento do que é belo, bonito, esteticamente agradável etc., depende de local, predisposição e de um propósito coletivo. Seja como for, é muito provável que Joshua Bell tenha se sentido um pouco constrangido, afinal, talento é talento. É mesmo?