Tetro e o despotismo do pai (e da crítica)

O novo filme de Coppola, Tetro, tem recebido uma avaliação negativa da crítica no Brasil. O diretor de O poderoso chefão teria “deixado a desejar” com este seu novo filme. A crítica sintomatiza, portanto, certo desapontamento, certa frustração.

Assisti ao filme e, honestamente, achei-o muito bom. O argumento gira em torno da questão do pai – neste caso, de um “poderoso pai” que, vaidoso e narcisista, não deixava espaço para a família. Tanto é que seu filho, Tetro, não conseguindo afirmar-se perante ele, abandona o lar e tenta reconstruir sua vida em outro lugar. O irmão de Tetro, Bennie, é quem alimenta o enredo. Partindo dos EUA, vai à Argentina reencontrar o irmão iconoclasta. A partir daí segue-se uma estória de reconstrução dos vínculos entre os dois personagens.

Voltando à crítica do filme. É claro que críticos profissionais têm critérios distintos dos meros apreciadores (“amadores”) de uma obra (por exemplo, vi um que apontava falhas no uso do preto-e-branco e do colorido no filme). Contudo, dizer que Coppola, ensaiando um projeto marcadamente autoral e genuíno, “deixou a desejar”, me parece um disparate.

Bom, é contigo dizer. Fiquei tocado pelo longa – vai ver que sou bem “naive”. Como disse Tetro à mais importante crítica de cinema da América do Sul: “sua opinião não me importa mais”. E, para os psicólogos de plantão, às vezes, quando se diz isso, não se quer dizer “onipotência”!