Sobre o que eu queria dizer hoje

Eu gostaria de escrever sobre alguns assuntos, mas eu não consigo. Não foram poucas as tentativas. Na verdade, juro, tentei muito. Vários posts inacabados, todos destinados ao mesmo “move to trash” do WP. Bom, sobre o que eu gostaria de escrever hoje?

1) Sobre a mediocridade nossa de cada dia. Sobre a burrice nossa de cada dia. Sobre como a burrice, para além de um problema moral, está associada às posições rígidas;

2) Sobre a intolerância, sobre a agressividade nas comunicações humanas, sobre como Nietzsche estava certo quando dizia que o que rege o mundo, a moral mundana, por assim dizer, é a moral do mais fraco, da pessoa amedrontada, covarde;

3) Sobre o que é viver num contexto em que todos estão perseguindo agendas ocultas terrivelmente banais, repetitivas, conservadoras. Sobre como, no ambiente mais intelectual, encontramos as imbecilidade mais asfixiantes;

4) Sobre como nos enganamos, sobre como por vezes as coisas são sempre simplificadas, sobre o quanto abandonamos nossas ideias de excelência;

5) Sobre como o ambiente acadêmico é, a um só tempo, paradoxalmente, sublime e ridículo; sobre como brincamos de usar um determinado vocabulário; sobre como somos ignorantes e boçais de um discurso do qual nos pretendemos “entendedores”;

6) Queria escrever sobre a comédia da vida cotidiana; sobre como nosso ego é o mais insípido e o mais incrivelmente mesquinho; sobre como é fácil criticar e não fazer; sobre como é fácil não desejar e culpar, cinica e ridiculamente, aqueles que tentam.

Enfim, é mesmo muita coisa. Então, incapaz de escrever com dignidade intelectual sobre essas coisas, me resigno. Não sei por que, mas uma música, como que num contraste absurdo, ou numa ironia execrável, parece representar o que estou sentindo. Segue abaixo. Repito: ironicamente (para entender, e não sei explicar, não sei mesmo, é como se me sentisse como Antonio Salieri, no belíssimo Amadeus, o primeiro filme a seguir, antes da referida música). Será que você conseguiria me entender, meu caro leitor anônimo? Talvez eu esteja a lhe pedir muito…