Focas e bestas

Uma vez eu li um livro no qual o autor, que discutia sobre “ética animal”, propunha a existência de três tipos de posturas éticas em relação animais: (1) há aquela pessoa que NUNCA sentiu nada pelos animais, tratando-os como objetos indiferentes; (2) há pessoas que têm dentro si uma sensibilidade adormecida: basta um pouco de reflexão ou de estímulo para fazerem despertar seu respeito e sentimentos pelos animais; (3) há aquelas que SEMPRE, desde quando saíram do berço, sentem algo pelos animais.

Hoje vi este filme abaixo. Imediatamente, fiquei imaginando os covardes matando esses bichos. E, sabemos, o fazem da forma mais cruel possível. Acho que a razão traz consigo responsabilidades: SABEMOS, ou deveríamos, que torturar os animais e matá-los é uma atrocidade. Sabemos disso, não há dúvida. Mas, claro, o conservador que me lê pode pensar: ué, mas deveríamos também saber que maltratar uma criança, matar outro ser humano, roubar ou coisa que o valha, são atividades inaceitáveis, pois desestruturam o equilíbrio social e fazem os outros sofrerem. Mas, há uma diferença: trata-se de seres humanos racionais, cientes do que estão fazendo (exceto o psicopata mais doente). Nossa relação com os animais é diferente: eles não têm razão, eles não compartilham conosco o mesmo campo ético; mas, ao mesmo tempo, e por conta justamente disso, merecem nosso respeito – pois temos possibilidade de escolha.

Aos covardes do mundo que fazem mal aos animais, aos conservadores mais desalmados, lamento fazer parte da mesma espécie que vocês! Eu me envergonho de dividir o mesmo “dom” da racionalidade que vocês.