A busca de poder e o amor ao conhecimento

Acho que já tenho uma opinião diferente sobre o que frequentemente se discute em relação às universidades federais: de que a vida burocrática abafa o que elas realmente deveriam estar fazendo – pensando a sociedade, produzindo conhecimento.

A existência da burocracia, plasmada ao bolsão de poder que ela oferece a algumas pessoas gananciosas, é ambiente mais do que favorável à existência de espaços para se pensar e produzir coisas que realmente importam para o gênero chamado “ciência”.

Como algumas pessoas gostam do poder burocrático, elas realizam o trabalho de outras que, se tivessem de fazê-lo, simplesmente perderiam seu espírito. A carreira em Y na universidade é uma dádiva para quem quer pesquisar, pensar, escrever, falar livremente.

É fascinante olhar à distância como alguns se enredam nas tramas do poder weberiano. Sentem-se importantes, e, em ato contínuo à espécie neles falando, respiram superioridade. No dia-a-dia da pesquisa, porém, reina o improviso: na agenda, apenas uma linha por semana, se tanto, para discutir novas frentes de trabalho, para ensaiar, para estilizar. Alunos servem de escudo à ausência de ação.

De toda maneira, muitos ganham com isso. De fato, é preciso agradecer a esta brava gente que negocia com o governo, com órgãos federais, com comunidade local, com o poder instituído. Enquanto outros produzem (e são chamados de narcisistas), a máquina burocrática preenche os sonhos dos “empreendedores da caneta”. São verdadeiros mártires do sacrifício do Lattes a uma causa superior. Ok, vou terminar este post sem dar uma de psicanalista, pois poderia interpretar tudo bem diferente.